quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

PAUSA PARA REFLEXÃO




Foto de Aníbal Sciarretta

Estátua de Brigite Bardot

Armação dos Búzios

Partiu em FÉRIAS!!!!
Quase um ano brincando com vocês, passou rápido e foi muito bom...


Espero voltar em março, divirtam-se!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (5)



SENTIMENTO DO MUNDO
(Carlos Drummond de Andrade)





Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
Mais noite que a noite



ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. Rio de Janeiro: Record, 1993.

HELMUT MIDDENDORF


Coleção Particular


FRAUEN
(Mulheres)
1991 – acrílico sobre papel – 140 x 100 cm
Autoria de: HELMUT MIDDENDORF


Sobre o Neo-expressionismo:

HONORÉ DE BALZAC (3)



Honoré de Balzac
Em
Fisiologia do Casamento





“A força do vapor, a dos cavalos, dos homens ou da água são invenções boas; mas a natureza deu à mulher uma força moral a que estas últimas não são comparáveis: a denominaremos força da matraca.
Esta potência consiste numa perpetuidade de som, numa volta tão exata das mesmas idéias, que à força de as ouvir, admiti-la-eis para vos livrardes da discussão.

Assim, a potência da matraca vos provará:

- Que sois bastante feliz por ter uma mulher com um tal mérito;
- Que vos deram muita honra em vos desposar;
- Que muitas vezes as mulheres vêem melhor do que os homens;
- Que deverias adotar em tudo a opinião de vossa mulher e quase sempre segui-la;
- Que deveis respeitar a mãe de vossos filhos, acatá-la, ter confiança nela;
- Que a melhor maneira de não ser enganado é sujeitar-se à delicadeza de uma mulher, por isso que, conforme certas idéias velhas que tivemos a fraqueza de deixar acreditar, é impossível a um homem obstar que a mulher o minotaurise;
- Que uma mulher legítima é a melhor amiga de um homem;
- Que uma mulher é dona em sua casa e rainha no seu salão, etc.

Aqueles que querem opor uma resistência firme a estas conquistas da dignidade da mulher, caem na categoria dos predestinados.

A princípio, suscitam-se questões que, nos olhos das suas mulheres, lhes dão um ar de tirania.
A tirania de um marido é sempre uma terrível desculpa para a inconseqüência de uma mulher”.





BALZAC, H. Physiologia do Casamento. Tradução de Hardinio Lopes. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia Editores, 1936.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Honor%C3%A9_de_Balzac

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

VOLTAIRE (5)



Voltaire
Em
Dicionário Filosófico


Guerra
(trecho)



“Filósofos moralistas, queimai todos os vossos livros.

Enquanto o capricho de alguns homens fizer estrangular lealmente os nossos irmãos, a parte do gênero humano consagrada ao heroísmo será o que há de mais horroroso na natureza humana.

Que me importa a humanidade, a bondade, a modéstia, a temperança, a doçura, a sabedoria, a piedade?

Que é feito de tudo isso, quando meia libra de chumbo atirada de seiscentos passos me arrasa o corpo e morro aos vinte anos em tormentos inexprimíveis, em meio de cinco ou seis mil moribundos, enquanto meus olhos, abrindo-se pela última vez, vêem a cidade onde nasci destruída a ferro e fogo e os últimos sons a me chegarem aos ouvidos são gritos de mulheres e crianças expirando sob ruínas, tudo pelos pretensos interesses de um homem que não conhecemos!”




VOLTAIRE. Seleções. Tradução de J. Brito Broca. Rio de Janeiro/ São Paulo/ Porto Alegre: W. M. Jackson Inc. Editores, 1952.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire

RABISCOS NO BLOCO


sábado, 16 de fevereiro de 2008

CLAUSEWITZ (2)



Clausewitz
Em
Da Estratégia Em Geral






“Estratégia é a aplicação da batalha para conquistar o fim da guerra.
Precisa, portanto, prover de uma finalidade toda a ação militar, que deverá ser compatível com o objetivo da guerra.

Em outras palavras, o papel da estratégia é configurar o plano da guerra e, nesse sentido, junto a série de ações que devem levar à decisão final, ou seja, planeja as campanhas em separado e estabelece regras para os combates que serão executados.

Todo esse planejamento executado em larga escala só pode ser feito com base em conjecturas, algumas das quais descobre-se depois estavam completamente erradas.

Isso mostra que muitos outros planos não podem ser feitos com antecedência, evidenciando que a estratégia terá de estar no campo de batalha lado a lado com o exército, para, in loco, organizar os detalhes e para fazer, no plano geral, as mudanças exigidas continuamente na guerra.

Portanto, o trabalho da estratégia é contínuo, pois as condições da luta podem pedir sua interferência a qualquer momento”.







CLAUSEWITZ, Carl von. Da Guerra: a arte da estratégia. Tradução de Pilar Satierra. São Paulo: Tahyu, 2005.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_von_Clausewitz

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

MAMÂE EU QUERO



MAMÃE EU QUERO
Composição: Jararaca (José Luis Rodrigues Calazans) e Vicente Paiva




Mamãe eu quero,mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar
Mamãe, mamãe, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar

Dorme filhinho do meu coração
Pega a mamadeira e vem entrar pro meu cordão
Eu tenho uma irmã que se chama Ana
De piscar o olho já ficou sem a pestana

Mamãe eu quero,mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar
Mamãe, mamãe, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar

Olho as pequenas, mas daquele jeito
Tenho muita pena, não ser criança de peito
Eu tenho uma irmã que é fenomenal
Ela é da bossa e o marido é um boçal

Mamãe eu quero,mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar
Mamãe, mamãe, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar




Partitura:
http://partiturascoro.iespana.es/partituras/m/m2.pdf

Sobre Jararaca:
http://www.dicionariompb.com.br/detalhe.asp?nome=Jararaca+e+Ratinho&tabela=T_FORM_E&qdetalhe=his

Sobre Vicente Paiva:
http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?tabela=T_FORM_A&nome=Vicente+Paiva

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

LUÍS DE CAMÕES (4)



Redondilha 108 – Glosa a mote.
(Luís de Camões)




De vós quererdes meu mal
Me vem podê-lo sofrer.



De tantas penas cercado
Gozo de um bem que já tive,
Que o que me é menos pesado
É ponderar que ainda vive
Um amor tão mal pagado,
A causa deste tormento,
Sem vós, me fora mortal;
Daqui vem que, em dano tal,
Só tenho o contentamento
De vós quererdes meu mal.

De vós quererdes meu mal
Vem o querer esta vida,
Porque a dor de tal ferida,
Posto que em si é mortal,
Fica assi[m] menos sentida.
Eu tenho a dor desta pena
Que me vós fazeis querer,
E, posto que me condena,
De ver que se me ordena
Me vem podê-la sofrer.




CAMÕES, Luís de. Obra Completa. Organização, introdução, comentários e anotações do Prof. Antônio Salgado Júnior. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar Editora, 1963.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

BRONISLAW BACZKO (3)



Bronislaw Baczko
Em
Imaginação social





“Os imaginários sociais constituem outros tantos pontos de referência no vasto sistema simbólico que qualquer coletividade produz e através da qual ela se percebe, divide e elabora os seus próprios objetivos.

Ë assim que, através dos seus imaginários sociais, uma coletividade designa a sua identidade; elabora uma certa representação de si; estabelece a distribuição dos papeis e das posições sociais; exprime e impõe crenças comuns; constrói uma espécie de código de “bom comportamento”, designadamente através da instalação de modelos formadores tais como o do “chefe”, “o bom súdito”, o “guerreiro corajoso”, etc.

Assim é produzida, em especial, uma representação global e totalizante da sociedade como uma “ordem” em que cada elemento encontra o seu “lugar”, a sua identidade e a sua razão de ser.”



“O imaginário social torna-se inteligível e comunicável através da produção dos “discursos” nos quais e pelos quais se efetua a reunião das representações coletivas numa linguagem. Os signos investidos pelo imaginário correspondem a outros tantos símbolos”.



“Os sistemas simbólicos em que assenta e através do qual opera o imaginário social são construídos a partir da experiência dos agentes sociais, mas também a partir dos seus desejos, aspirações e motivações.
Qualquer campo de experiências sociais está rodeado por um horizonte de expectativas e de recusas, de temores e de esperanças.”




BACZKO, Bronislaw. Imaginação social. In: ROMANO, Ruggiero (org.). Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1985. v. 5.

RUBENS GERCHMAN


CASAL NOTURNO
1990 – 196 x 140 cm – Acrílico e óleo s/ madeira
Autoria de:RUBENS GERCHMAN

Sobre o autor:

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

CECÍLIA MEIRELES (4)



Cecília Meireles
Em
Cânticos





XVI

Tu ouvirás esta linguagem,
Simples,
Serena,
Difícil.
Terás um encanto triste.
Como os que vão morrer,
Sabendo o dia...
Mas intimamente
Quererás esta morte,
Sentindo-a maior que a vida.



XVII

Perguntarão pela tua alma.
A alma que é ternura,
Bondade,
Tristeza,
Amor.
Mas tu mostrarás a curva do teu vôo
Livre, por entre os mundos...
E eles compreenderão que a alma pesa.
Que é um segundo corpo,
E mais amargo,
Porque não se pode mostrar,
Porque ninguém pode ver...





MEIRELES, Cecília. Cânticos. 1a. Ed. São Paulo: Ed. Moderna, 1981.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

MAQUIAVEL (3)



Maquiavel
Em
O Príncipe




Capítulo XVII – A crueldade e a clemência. Seção 3


3 – Não obstante, o príncipe deve fazer-se temer de modo que, mesmo que não ganhe o amor dos súditos, pelo menos evite seu ódio.

O temor e a ausência de ódio podem coexistir – isto é conseguido por aquele que se abstiver de atentar contra o patrimônio dos súditos e cidadãos, e suas mulheres.

Quando for preciso executar um cidadão, que haja uma justificativa e uma razão manifesta.

E, principalmente, que o príncipe se abstenha de tomar os bens, pois os homens se esquecem mais facilmente da morte do pai do que da perda do patrimônio.

Por outro lado, sempre há pretextos para tomar os bens alheios, e quem começa a viver da rapina encontrará sempre algum motivo para tomar o que não é seu, enquanto que os motivos para tomar a vida alheia são mais raros e menos duradouros.





MAQUIAVEL, N. O Príncipe.Tradução de Pietro Nassetti São Paulo: Editora Martin Claret, 2002.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel

RABISCOS NO BLOCO


sábado, 9 de fevereiro de 2008

MANUEL BANDEIRA (10)

O ÚLTIMO POEMA
(Manuel Bandeira)




Assim eu quereria o meu último poema.

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.




BANDEIRA, Manuel Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

THOREAU (3)



Thoreau
Em
Andar A Pé






“A ignorância de um homem às vezes não é só útil, mas bela – ao passo que seus pretensos conhecimentos são mais que inúteis, além de serem feios.

Qual o melhor homem com quem tratar-se – o que nada sabe de um assunto e, o que é extremamente raro, sabe que nada sabe, ou o que realmente sabe alguma coisa do assunto, mas julga que sabe tudo?

Meu anseio de saber é intermitente, mas o meu anseio de banhar a cabeça em atmosferas que os pés desconhecem é perene e constante.

O ponto mais alto a que podemos atingir não é o saber, mas a simpatia com inteligência.

Ignoro se esse conhecimento superior importa em alguma coisa mais definida que uma novel e grande surpresa sobre uma revelação repentina da insuficiência de tudo que antes chamávamos conhecimento – uma descoberta que existem mais coisas no céu e na terra do que as com que sonha a nossa filosofia”.




“Há algo de servil no hábito de invocar uma lei que devemos obedecer. Podemos estudar as leis por conveniência própria, mas uma vida vitoriosa não conhece leis”.





THOREAU, Henry David. “Andar A Pé”. In. Ensaístas Americanos. Prefácio de Rone Amorim. Tradução de Sarmento de Beires e José Duarte. Rio de Janeiro/ São Paulo/ Porto Alegre: W. M. Jackson Inc. Editores, 1953.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_David_Thoreau

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

JOAQUIM NABUCO (2)



Joaquim Nabuco
Em
Minha Formação


Traços americanos






“Como antes eu disse, não há vida particular nos Estados Unidos. Para a reportagem não existe linha divisória entre a vida pública e a privada”.

“O político é entregue sem piedade aos repórteres; a obrigação destes é rasgar-lhes, seja como for, a reputação, reduzi-lo a um andrajo, rolar com ele na lama”.

“O efeito de tal sistema pode ser moralizar a vida privada, pelo menos a dos que pretendem entrar para a política, se há moralidade no terror causado por um desses formidáveis exposures eleitorais, os franceses diriam chantage. A vida política, porém, ele não tem moralizado. A consciência pública americana é muito inferior à privada, a moral do Estado à de família”.

“Mas, desde que a corrupção reina nos dois partidos, que ambos têm as suas chagas conhecidas, as suas ligações comprometedoras, todas as campanhas a favor da pureza administrativa têm muito de insincero, de simulado, de convencional, o que não acontece com as investigações da vida privada”.

“O americano sabe que há no seu país uma opinião pública, desde que cada americano tem uma opinião sua. É uma força latente, esquecida, em repouso, que não se levanta sem causa suficiente, e esta raro se produz; mas é uma força de uma energia incalculável, que atiraria pelos ares tudo o que lhe resistisse, partido, legislaturas, Congresso, presidente”.







NABUCO, Joaquim. Minha Formação. Prefácio de Carolina Nabuco. Rio de Janeiro/São Paulo/Porto Alegre: W. M. Jackson Inc. Editores, 1952.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Nabuco

GUIGNARD


Coleção Particular


AUTO RETRATO VESTIDO DE MARINHEIRO
1930 – óleo sobre tela - 22 x 16 cm
Autor: ALBERTO DA VEIGA GUIGNARD


Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_da_Veiga_Guignard

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

BENJAMIN PÉRET (2)



Benjamin Péret
Em
EU SUBLIME


UMA MANHÃ




Há gritos que não acabam mais
berros de terra agitada como um leque
desmantelado
por topeiras em conserva
por soluços de tábuas que alguém estripa
longos como uma locomotiva que vai nascer
por convulsões de árvores revoltadas que não querem
deixar subir a seiva
tanto como o metrô não aceita transportar avestruzes
nos seus túneis de barba mal-escanhoada
há gritos
aranhas de vitríolo que engulo sem perceber
perto desse rio gasto saído de um bocal de cachimbo
que não passa de um longo focinho
um pouco quente
um pouco mais resmungão que um caldeirão quase
vazio
este no que tu não vês como não vês a poeira de uma
hóstia
que o vento misturou
com a poeira do vigário semelhante ao sulfato de cobre
e à da igreja mais torta que um velho
saca-rolha
pois não estás mais aí do que não estou aí sem ti
e com isso o mundo fica todo descabelado.






PÉRET, Benjamin. Amor sublime: ensaio e poesia. Organização: Jean Puyade. Tradução: Sérgio Lima, Pierre Clemens. São Paulo: Brasiliense, 1985.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_P%C3%A9ret

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

CONDILLAC (2)



CONDILLAC
Em
Lógica






“Para que um método para raciocinar nos ensine a raciocinar, somos levados a acreditar que em cada raciocínio a primeira coisa deveria ser pensar nas regras segundo as quais ele deve se fazer, e assim nos enganamos.

Não pertence a nós pensar nas regras, pertence a elas conduzir-nos sem que nelas pensemos.

Não se falaria se, antes de começar cada frase, fosse necessário se ocupar da gramática.

Ora, a arte de raciocinar, como em todas as línguas, só se fala bem na medida em que se fala naturalmente.

Meditem o método e meditem bastante, porém não pensem mais nele quando quiserem pensar em outra coisa.

Algum dia ele se tornará familiar: então, sempre com os senhores, ele observará seus pensamentos que se conduzirão sozinhos e zelará sobre eles para lhes impedir todo desvio.

É tudo o que os senhores devem esperar do método”.









CONDILLAC, Étienne Bonnot De. “Lógica”. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. In.CIVITA, Victor (editor) Textos Escolhidos: Condillac/ Helvetius/ Degerando. São Paulo: Abril Cultural, 1973.(Os pensadores)

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tienne_Bonnot_de_Condillac

RABISCOS NO BLOCO


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

ARISTÓTELES (3)



ARISTÓTELES
Em
Arte Retórica






“Os velhos e aqueles que ultrapassaram a flor da idade ostentam geralmente caracteres quase opostos aos dos jovens; como viveram muitos anos, e sofreram muitos desenganos, e cometeram muitas faltas, e porque, via de regra, os negócios humanos são mal sucedidos, em tudo avançam com cautela e revelam menos força do que deveriam”.

“Têm opiniões, mas nunca certezas. Irresolutos como são, nunca deixam de acrescentar ao que dizem: “talvez”, “provavelmente”.
Assim se exprimem sempre, nada afirmam de modo categórico”.

“Têm também mau caráter, pois ter mau caráter é levar tudo a mal. São igualmente suspeitosos, pois são desconfiados e foi a experiência que lhes inspirou essa desconfiança”.

“Em sua maneira de proceder, obedecem mais ao cálculo do que à índole natural, - dado que o cálculo visa o útil, e a índole, a virtude. Quando cometem injustiças, fazem-no com o fim de prejudicar, e não de mostrar insolência”.

“Como todos os ouvintes escutam de bom grado os discursos conformes com seu caráter, não resta dúvida sobre a maneira como devemos falar, para que, tanto nós, como nossas palavras, assumam a aparência desejada”.






ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética.Tradução de Antônio Pinto de Carvalho. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1969.

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles

sábado, 2 de fevereiro de 2008

MARIANO JOSÉ PEREIRA DA FONSECA



Mariano José Pereira da Fonseca
(Marquês de Maricá)
Em
MÁXIMAS, PENSAMENTOS E REFLEXÕES







“A nossa vida é quase toda um sonho, e sonhamos acordados mais vezes do que dormindo.”

“O estudo confere ciência, mas a meditação, originalidade.”

“O erro máximo dos filósofos foi pretender sempre que os povos filosofassem.”

“Ninguém mente tanto nem mais do que a História.”

“É mais fácil maldizer dos homens do que instruí-los e melhorá-los.”

“É muito provável que a posteridade, para quem tantos apelam, tenha tão pouco juízo como nós e os nossos antepassados.”






FONSECA, Mariano José Pereira da . MÁXIMAS, PENSAMENTOS E REFLEXÕES
Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000037.pdf

Sobre o autor:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mariano_Jos%C3%A9_Pereira_da_Fonseca

LEON BAKST




Costume Study for Nijinsky in his Role in La Péri
Anos 20 do século XX – Aquarela – 67,6 – 48,9 cm
Autor: Leon Bakst

Sobre o autor:
http://en.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9on_Bakst

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

PABLO NERUDA (6)



Pablo Neruda
Em
Ainda


XXVI

Se há uma pedra destroçada
dela faço parte:
estive na ventania,
na onda,
no incêndio terrestre.

Respeita essa pedra perdida.

Se encontras num caminho
um menino
roubando maçãs
e um velho surdo
com um acordeon,
recorda que eu sou
o menino, as maçãs e o ancião.
Não me magoes perseguindo o menino,
não batas no velho vagabundo,
não atires ao rio as maçãs.





NERUDA, Pablo. Ainda. Tradução de Olga Savary. 2a. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1977.